Todas as Ju’s são possíveis

A jornada para Maratona de Los Angeles foi um convite e tanto na minha vida. Estava voltando a correr a distância de 21km e logo veio a notícia. Quando me contaram a data da prova, gelei: véspera do aniversário do meu filho e a primeira coisa que falei foi: “Tranquilo, posso pegar o vôo no mesmo dia e voltar para o Brasil, certo?”.

Eu fiquei de pensar, mas no fundo já sabia a resposta: eu queria aquele desafio. Pesquisando sobre a prova descobri que a primeira edição havia sido no ano em que eu nasci, 1986. Pronto, mais um sinal, vou celebrar meu aniversário correndo a Maratona de Los Angeles!

Ao dizer oficialmente sim para o desafio, assumi o papel de treinadora da equipe e também de corredora. A pressão foi grande: queria correr por mim, mas também me sentia comprometida com todo o projeto. Eu não sou a treinadora mais experiente, corri apenas 2 maratonas na minha vida e a síndrome da impostora bateu várias vezes na minha porta: será que eu dou conta?

Foram meses de preparo, trocas, aprendizados e enfim chegou a hora de buscar a nossa Golden Hour. Na véspera da prova verifiquei tudo que iria usar e programei o despertador, mas não aguentei esperar ele tocar, pulei da cama antes e me preparei para o grande momento. Que frio na barriga! Na concentração muita música e um clima fantástico que me fez pensar novamente: eu estou no lugar certo!

Larguei com as meninas e logo me vi sozinha no percurso e fui colocando em prática minhas estratégias mentais. Vocês sabiam que durante o ciclo de treinos eu percorri a distância da Maratona mais de 20x? Uma amiga falou isso pra mim e eu parei pra pensar enquanto corria pelas ruas de Los Angeles.

A distância da prova era igual para todas, mas cada uma iria realizar do seu jeito. Pude refletir sobre todo o ciclo, todos as pessoas que estiveram comigo de alguma forma nessa jornada. Pensei muito no meu filho Samuel e em como sou apaixonada por ele. A cada torcida de desconhecidos, a cada aplauso, a cada sorriso eu vibrava e a energia explodia.

Eu descobri nessa jornada que sou muitas Ju’s e que preciso cuidar de cada uma delas. No percurso cruzei e troquei momentos com mulheres corredoras e torcedoras que deixaram ainda mais evidente a potência da sororidade no cenário do esporte. Eu vivi muito isso no meu ciclo e presenciar na prova, com desconhecidas, foi muito especial.

Na reta final da Maratona me emocionei ao ponto de ter dificuldade de respirar. Um filme passou na minha cabeça e eu decidi que a Ju Amaral corredora seria a protagonista daquele momento. Foquei no que eu precisava e foi com ela que eu cruzei a linha de chegada.

A felicidade foi ainda maior ao ver todas as meninas concluindo suas provas. O Lume Club vai além da corrida: é uma reflexão tão linda e potente sobre quem somos, sobre quem queremos ser e aonde podemos chegar. Com as mais belas trocas, onde cada uma das participantes, da equipe de produção e das convidadas nessa jornada puderam sentir suas próprias forças e espero que eu tenha conseguido trazer um pouquinho de tudo que significou pra mim.

A Ju Amaral, mulher, mãe, profissional, corredora e amiga aprendeu muito nessa jornada, viveu intensamente todas as experiências de alegria, insegurança, dor, ansiedade, paciência, falta de paciência, resiliência e muito mais. E não fica por aí não, estou aberta a aprender muito mais, a viver muito mais, respeitando cada Ju possível do processo.

E sabe do que mais? Eu dou conta!

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